O papel é um dos materiais mais essenciais e versáteis usados no mundo moderno. Desde embalagens a livros, passando por papel higiênico e produtos de escritório, sua presença é constante.
Mas você já se perguntou como é feito o papel? Hoje vamos explorar o processo de fabricação do papel, desde a matéria-prima até o produto final.
Veja ainda: O que é papel timbrado?
Qual a origem do papel?
O papel tem uma longa história que remonta à China antiga, onde foi inventado por volta de 105 d.C. Segundo relatos históricos, o papel foi criado por um oficial da corte imperial chamado Cai Lun, que utilizou materiais como cascas de árvores, restos de cânhamo, trapos e redes de pesca para desenvolver o primeiro papel.
Esse novo material revolucionou a escrita e a documentação, substituindo materiais mais caros e menos práticos, como pergaminhos e bambu.
Com o passar dos séculos, o conhecimento sobre a fabricação de papel se espalhou pela Ásia, chegando ao Oriente Médio e, eventualmente, à Europa, durante a Idade Média. Cada cultura adicionou suas próprias inovações e técnicas, aprimorando o processo de fabricação.
Na Europa, por exemplo, o uso de trapos de algodão e linho tornou-se comum, e os moinhos de água começaram a ser usados para facilitar a produção de papel em larga escala.
Confira também: 50 Ideias de artesanato de Papel
Como é feito o papel?
O papel pode ser feito de várias fibras, incluindo madeira, bambu e resíduos agrícolas. A madeira, especialmente de árvores como pinheiro e eucalipto, é a matéria-prima mais comum devido à abundância de fibras de celulose.
O bambu é uma alternativa sustentável, crescendo rapidamente e necessitando de menos recursos do que a madeira. Resíduos agrícolas, como palha de trigo e cana-de-açúcar, também são usados, oferecendo uma maneira de reutilizar subprodutos que de outra forma seriam descartados.
Cada tipo de fibra oferece diferentes propriedades ao papel final. Por exemplo, a fibra de madeira tende a produzir um papel mais resistente e durável, enquanto as fibras de bambu podem resultar em um papel mais macio e flexível. A escolha da fibra depende do uso pretendido do papel, seja para impressão, embalagem ou outros fins.
Confira mais: O que é papel offset
Preparação da Madeira
A madeira é a matéria-prima mais comum, e o processo começa com a colheita e o corte das árvores. Após a colheita, as árvores são desgalhadas e cortadas em toras. Essas toras são transportadas para fábricas de papel, onde são descascadas e picadas em pequenos cavacos.
A casca removida pode ser usada como combustível ou em outros processos industriais, garantindo que pouco seja desperdiçado.
Os cavacos de madeira são então lavados para remover sujeiras e impurezas, preparando-os para o processo de despolpação.
Esta etapa é crucial para garantir a qualidade do papel, pois qualquer contaminação pode afetar a integridade das fibras de celulose. A preparação adequada da madeira assegura que as fibras estejam prontas para serem transformadas em pasta de celulose, o primeiro passo na produção de papel.
Produção de Celulose
1 – Despolpação
A despolpação é o processo de separação das fibras de celulose da madeira. Existem dois métodos principais: mecânico e químico. No método mecânico, os cavacos de madeira são moídos e triturados para liberar as fibras. Este método é rápido e eficiente, mas pode resultar em fibras mais curtas e menos duráveis.
O método químico, por outro lado, envolve a utilização de produtos químicos para dissolver a lignina que mantém as fibras unidas. Os cavacos de madeira são cozidos em uma solução de produtos químicos, como hidróxido de sódio e sulfeto de sódio, em um processo conhecido como polpação Kraft. Este método produz fibras mais longas e resistentes, resultando em um papel de alta qualidade.
A escolha do método de despolpação depende do tipo de papel que se deseja produzir. O método mecânico é geralmente usado para papel jornal e outros tipos de papel de baixo custo, enquanto o método químico é preferido para papéis de alta qualidade, como papéis de impressão e escrita.
2 – Processo Químico
O processo químico envolve a utilização de produtos químicos para dissolver a lignina que mantém as fibras unidas.
Durante a polpação química, os cavacos de madeira são introduzidos em grandes digestores, onde são aquecidos e misturados com produtos químicos como hidróxido de sódio (soda cáustica) e sulfeto de sódio. Esses produtos químicos quebram a lignina, a substância que une as fibras de celulose na madeira.
O resultado é uma pasta marrom escura conhecida como “polpa marrom”. Esta polpa é então lavada para remover os produtos químicos residuais e, em seguida, branqueada usando cloro ou outros agentes branqueadores para obter uma polpa branca e pura.
O branqueamento é uma etapa opcional, dependendo do tipo de papel que se deseja produzir. Para papéis de alta qualidade e brancura, o branqueamento é essencial, enquanto para papéis de embalagem, pode ser desnecessário.
Quais são as etapas de Produção do Papel?
A celulose é misturada com água e outros aditivos para formar uma pasta que é espalhada em telas para formar uma folha. Esta pasta, conhecida como “polpa”, é composta principalmente de fibras de celulose suspensas em água. A proporção de água para fibra é extremamente alta, com a polpa consistindo de cerca de 99% de água.
A polpa é então derramada sobre uma tela de arame em uma máquina de papel, onde a água começa a drenar, deixando para trás uma camada de fibras entrelaçadas. Este processo inicial de drenagem é crucial para formar uma folha uniforme e consistente. A tela de arame se move continuamente, permitindo que a polpa se espalhe uniformemente.
Prensagem e Secagem
A folha úmida é então prensada e seca para remover o excesso de água. Após a formação inicial da folha na tela de arame, ela passa por uma série de prensas que espreme a água restante. Este processo de prensagem ajuda a consolidar as fibras e a melhorar a resistência da folha.
Depois da prensagem, a folha de papel ainda contém uma quantidade significativa de água, geralmente em torno de 60%. Para remover a água restante, a folha é passada através de cilindros aquecidos em uma seção chamada “secadora”. Estes cilindros evaporam a água, deixando a folha quase completamente seca e pronta para as etapas finais de acabamento.
Calandragem
A calandragem é o processo de passar a folha entre rolos para garantir uma superfície lisa e uniforme. Este processo melhora a textura e a aparência do papel, tornando-o mais adequado para impressão e escrita.
Durante a calandragem, a folha de papel passa por uma série de rolos de aço ou de materiais compostos que aplicam pressão e, às vezes, calor, para suavizar e compactar a superfície do papel.
O grau de calandragem pode ser ajustado dependendo do uso final do papel. Para papéis de impressão de alta qualidade, como papéis para revistas e catálogos, uma calandragem mais intensa pode ser usada para obter uma superfície extremamente lisa e brilhante. Para outros tipos de papel, como papel de embalagem ou papelão, uma calandragem mais leve pode ser suficiente.
Assim, vimos que a fabricação do papel é um processo complexo que envolve várias etapas desde a colheita da madeira até o produto final. A inovação e a sustentabilidade desempenham papéis cruciais na indústria do papel, garantindo que este recurso vital continue a ser disponível para as futuras gerações.